A Depressão na Visão Espírita
A
depressão pode ser conceituada como uma alteração do estado de humor,
uma tristeza intensa, um abatimento profundo, com desinteresse pelas
coisas. Tudo perde a graça, o mundo fica cinza, viver torna-se tarefa
difícil, pesada, com ideias fixas e pessimistas.
Poderíamos considerá-la como uma emoção estragada. As emoções naturais devem ser passageiras, circularem normalmente, sem desequilibrar o ser. A tristeza por exemplo, é uma emoção natural, que nos leva a entrar em contato conosco, à introspecção e à reflexão sobre nossas atitudes. Agora, uma vez estagnada, prolongada, acompanhada de sentimento de culpa, nos leva a depressão.
Poderíamos considerá-la como uma emoção estragada. As emoções naturais devem ser passageiras, circularem normalmente, sem desequilibrar o ser. A tristeza por exemplo, é uma emoção natural, que nos leva a entrar em contato conosco, à introspecção e à reflexão sobre nossas atitudes. Agora, uma vez estagnada, prolongada, acompanhada de sentimento de culpa, nos leva a depressão.
Podemos dividir a "depressão" em três formas, de acordo com o fator causal:
-
Depressão Reativa ou Neurose Depressiva: Esta depende de um fator
externo desencadeante, geralmente perdas ou frustrações, tais como
separação, perda de um ente querido, etc.
- Depressão Secundária a Doenças Orgânicas: Acidente vascular cerebral ("derrame"), tumor cerebral, doenças da tireóide, etc.
-
Depressão Endógena: Por deficiência de neurotransmissores. Exemplos:
depressão do velho, depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.
Estima-se
que a depressão incida em cerca de 14% da população, ou seja, temos no
Brasil cerca de 21 milhões de deprimidos. Ela afeta todo o ser,
acarretando uma série de desequilíbrios orgânicos, sobretudo,
comprometendo a qualidade de vida, tornando a criatura infeliz e com
queda do seu rendimento pessoal.
André
Luiz cita nas suas obras que os estados da mente são projetados sobre o
corpo através dos bióforos que são unidades de força psicossomáticas
que se localizam nas mitocôndrias. A mente transmite seus estados
felizes ou infelizes a todas as células do nosso organismo através dos
bióforos. Ela funciona ora como um sol irradiando calor e luz,
equilibrando e harmonizando todas as células do nosso organismo, e ora
como tempestades, gerando raios e faíscas destruidoras que desequilibram
o ser.
Segundo
Emmanuel, a depressão interfere na mitose (divisão) celular,
contribuindo para o aparecimento do câncer e de outras doenças
imunológicas, sobretudo a deficiência imunitária facilitando às
infecções. Na depressão existe uma perda de energia vital no organismo,
num processo de desvitalização. O indivíduo perde energia por dois
mecanismos principais:
1º)
Perde sintonia com a Fonte Divina de Energia Vital: O indivíduo não se
amando como deve, com sentimento de autoestima em baixa, afasta de si
mesmo, da sua natureza divina, elo de ligação com a fonte inesgotável do
Amor Divino. Além do mais, o indivíduo ao se fechar em seus problemas e
suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo que dificulta o
acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.
2º)
Gasto Energético Improdutivo: O indivíduo ao invés de utilizar o seu
potencial energético para desenvolver potencialidades evolutivas,
vivendo intensamente as experiências e os desafios que a vida lhe
apresenta, desperdiça energia nos sentimentos de auto-compaixão,
tristeza e lamentações. Sofre e não evolui.
Causas
Principais - A depressão está frequentemente associada a dois
sentimentos básicos: a tristeza e culpa degenerada em remorso. Quando
por algum motivo infringimos a lei natural, ao tomarmos consciência do
erro cometido, temos dois caminhos a seguir:
1 - Erro>Consciência>Arrependimento>Tristeza>Reparação
2 - Erro>Consciência>Culpa-Remorso (ideia fixa)>Depressão
O
primeiro caminho é meio natural de nosso aperfeiçoamento. Uma vez
tomando consciência de nossas imperfeições e erros cometidos,
empreendemos o processo de regeneração através de lições reparadoras.
De
outra maneira, se ao invés nos motivarmos a nos recuperarmos, nós nos
abatermos, com sentimento de desvalia, de auto-punição, e permanecermos
atrelados ao passado de erros, com ideias fixas e auto-obsessivas, nós
estaremos caminhando para o estado de depressão, que é improdutivo no
sentido de nossa evolução.
Outra
condição que nos leva à depressão é citada pelo espírito de François de
Geneve em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V item 5 (A
Melancolia), onde relata que uma das causas da tristeza que se apodera
de nossos corações fazendo com que achemos a vida amarga é quando o
Espírito aspira a liberdade e a felicidade da vida espiritual, mas,
vendo-se preso ao corpo, se frustra, cai no desencorajamento e transmite
para o corpo apatia e abatimento, se sentindo infeliz.
Para
François Geneve então, a causa inicial é esta ânsia frustrada de
felicidade, liberdade almejada pelo espírito encarnado, acrescido das
atribulações da vida com suas dificuldades de relacionamento
interpessoal, intensificada pelas influências negativas de espíritos
encarnados e desencarnados.
Outro
fator que está determinando esta incidência alarmante de depressão nos
nossos dias é o isolamento, a insegurança e o medo que estão acometendo
as pessoas na sociedade contemporânea. Absorvido pelos valores
imperantes como o consumismo, a busca do prazer imediato, a
competitividade, a necessidade de não perder, de ser o melhor, de não
falhar, o homem está de afastando de si e de sua natureza. Adota então
uma máscara (persona), que utiliza para representar um "papel" na
sociedade. E, nesta vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver suas
potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções, pois estas
demonstram quem de fato ele é. Enclausurado, fechado nesta carapaça de
orgulho e egoísmo, ele se isola e se sente sozinho. Solidão, não no
sentido de estar só, mas de se sentir só. Mais do que se sentir só é a
insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. O indivíduo nessa
situação precisa se cercar de pessoas e de coisas para ficar bem, pois,
desconhece que ele se basta pelo potencial divino que tem.
A
solidão é consequência de sua insegurança, de sua imaturidade
psicológica. Nos primeiros anos de vida, a criança enquanto frágil e
insegura, é natural que tenha necessidade de que as pessoas vivam em
função delas, dando-lhes atenção e proteção. É a fase do egocentrismo,
predominantemente receptiva. Com o seu amadurecimento, começa a criar
uma boa imagem de si, tornando-se mais seguro, e a partir de então,
passa a se doar, a se envolver e a participar mais do a mundo. O que
acontece é que certas pessoas, por algum motivo, têm dificuldades neste
processo de amadurecimento afetivo, mantendo-se essencialmente
receptivas e não participativas, exigindo carinho, respeito e atenção,
sem se preocuparem da mesma forma com os outros. Fazem-se de vítimas,
pobre coitados, sem as responsabilizarem por si. Conseguem o seu
equilíbrio às custas das conquistas exteriores. A primeira frustração
que se deparam, não toleram, pois expõe suas fraquezas e isto motiva um
quadro de depressão.
Em
alguns idiomas, doença e vazio têm a mesma tradução. A doença seria
decorrente de um vazio de sentimentos que gera depressão e adoece o ser.
Um
indivíduo quando perde a capacidade de se amar, quando a autoestima
está debilitada, passa a ter dificuldade de amar o semelhante, pois o
sentimento de amor, de generosidade para com o próximo, é um sentir de
dentro para fora. Este sentimento de amor ao próximo, nada mais é do que
uma extensão do nosso amor, da nossa sintonia com o Deus interior que
nós temos em nós.
A
pessoa que tem dificuldade nesta composição de amar a si e, por
consequência, amar o próximo, deixa de receber o amor e a simpatia do
outro, e não consegue entrar em sintonia com a fonte sublime inesgotável
do Amor Divino. Nós limitamos aquilo que recebemos de Deus, na medida
do quanto doamos ao próximo. Quem ama muito, muito recebe. Quem pouco
ama, pouco recebe. Esse afastamento de si, e por conseguinte de Deus,
gera a tristeza, o vazio, a depressão e a doença.
Tratamento
- A depressão é um sintoma que nos diz que não estamos nos amando como
deveríamos. O caminho para sairmos dela é preencher este vazio com a
recuperação da autoestima e do amor em todos os sentidos.
Primeiro,
procurando nos conhecer e nos analisar, com o intuito de nos
descobrirmos, sem nos julgarmos, sem nos punirmos ou nos culparmos. E
depois, nos aceitarmos como somos, com todas as nossas limitações, mas
sabendo que temos toda potencialidade divina dentro de nós, esperando
para desabrochar como sementes de luz. Isto nada mais é do que
desenvolver a fé em si e no criador, sentimento este que transforma e
que nos liga diretamente a Deus.
Uma
pessoa consciente de sua riqueza interior passa a ter segurança e fé
nas suas potencialidades infinitas, começando a gostar e acreditar em
si, amando-se e a partir de então, sentindo necessidade de expandir este
sentimento a tudo e todos. Começa assim a se despertar para os
verdadeiros valores da vida espiritual, se transformando numa pessoa
feliz e sorridente, pois onde existe seriedade, há algo de errado; a
seriedade está ligada ao ser doente. Sorria e seja feliz amando e
servindo sempre.
A
terapia contra a depressão se baseia no amar e no servir, se envolvendo
em trabalhos úteis e no serviço do bem. Seja no trabalho profissional,
no trabalho do lazer, ou no trabalho de servir ao próximo, o indivíduo
se ocupa, exercita o amor, e deixa de se envolver com as lamentações,
pois a infelicidade faz seu ninho no escuro dos sentimentos de cada um.
Dificilmente conheceremos um deprimido, entre aqueles que trabalham a
serviço do bem.
Para
doarmos este amor, não basta somente fazermos obras de caridade, temos
que nos tornarmos caridosos; antes de fazermos o bem temos que ser bons.
Darmos um pão, um agasalho, mais junto colocarmos uma boa dose de afeto
e carinho. Ser acima de tudo generosos, que é a caridade com afeto.
As
pessoas estão com fome de amor, de calor humano, um ombro amigo, um
abraço, um aconchego e uma palavra de carinho. Às vezes, com um simples
sorriso, um bom dia, um olhar afetuoso, nós estamos doando energia e
transmitindo vida. O homem alcançou um enorme progresso intelectual,
satisfazendo suas necessidades materiais com os avanços tecnológicos.
Porém, ainda se depara com enormes dificuldades na convivência fraterna
com o seu semelhante. Estamos cada vez mais próximos um dos outros
através dos meios de comunicação e, no entanto, mais afastados
emocionalmente.
Agora,
o homem está sentindo a necessidade premente de desenvolver a
afetividade, de se envolver, amar e sentir o seu semelhante. Temos que
ressuscitar e liberar a criança que está esquecida dentro de nós.
Para
resgatarmos esta criança que adormece em nós, é necessário que vejamos o
mundo de forma positiva e otimista. A nossa criança interior,
geralmente se encontra retraída e oprimida, porque a vida nos apresenta
de forma desagradável; ainda não vivemos de forma natural, espontânea e
isto gera ansiedade e sofrimento. Como a criança é movida pelo prazer,
ela se recolhe e não se manifesta. A criança não se julga, não se pune.
Ela apenas vive o hoje, o agora, integrada perfeitamente a Deus e à
natureza. "Deixai vir a mim as criancinhas porque o reino dos céus é de
quem vos assemelham" - com estas palavras quis Jesus dizer que teremos
que ser puros, autênticos, integrados com a nossa natureza divina, sem
fugas ou máscaras, para alcançarmos a nossa evolução espiritual.
Ter
atitudes simples, como lidar com animais, brincar com crianças,
atividades criativas como a pintura, tocar um instrumento, fazer
pequenas tarefas domésticas, cozinhar, manter uma conversa amena, contar
um caso, ver um bom filme, escutar uma música, cantar, sorrir, ouvir
com atenção, olhar com ternura, tocar as pessoas, abraçar, fazer um
elogio sincero, curtir a natureza, admirar o por do sol, etc. Estas são
tarefas que muito lhe ajudará a reencontrar o equilíbrio e a harmonia
interior. Manter sempre o bom humor.
Aquele
que tem no ideal de servir uma meta de vida, será sempre uma pessoa
feliz. Na vida o que mais importa é o amor e o bem querer das pessoas,
viver suas emoções; não se deixar afetar por coisas pequenas. Muitas
vezes nos deixamos abater por problemas, que se olharmos com olhos de
Espíritos Eternos em passagem pela Terra, não valorizaríamos. Substituir
sentimentos de auto-piedade por vibrações em favor dos que sofrem. Se
olharmos com atenção e interesse ao nosso redor, veremos que existem
pessoas com problemas muito piores, que o nosso a pedir socorro.
Procurar
praticar atividades físicas regulares, como a caminhada, um esporte, um
lazer. A mente parada começa a criar pensamentos negativos, que se
assemelham a lixos amontoados dentro de casa. Com estas atividades, você
estará desviando sua mente destes pensamentos deletérios.
Tornar-se
empreendedor, dinâmico, criando ideias novas e construtivas em
benefício do semelhante, com motivação para implementá-las, junto ao
grupo ou a comunidade que pertence. Não fique estagnado esperando que a
coisas aconteçam em seu favor. Aja em favor do próximo e não se
surpreenda se você for o mais beneficiado.
Leituras
edificantes, uma conversa com um amigo, um terapeuta ou um orientador
espiritual, ajuda você a ver o problema por um outro ângulo. A oração é
um recurso indispensável no processo de recuperação. Através dela
estabelecemos sintonia com a Espiritualidade Maior, facilitando o
caminho para que nos inspirem e revigorem nossas energias. Não nascemos
para sofrer. A vontade de Deus é a nossa alegria e a nossa felicidade.
Se sofrermos é por nossa causa. Os nossos problemas e nossas
dificuldades devem ser interpretadas como instrumentos para nossa
evolução. Nunca devemos nos deprimir ou nos revoltar contra eles. O
melhor aprendizado, é aquele que tiramos de nossa própria vida. Vocábulo
"crise" em algumas línguas podem ter dois significados: a oportunidade
ou perigo. Oportunidade de crescimento ou perigo de queda.
O
que importa é sabermos que os problemas que deparamos na vida só surgem
quando já temos condições de solucioná-los. Como disse o Mestre Jesus:
"O Pai não coloca fardos pesados em ombros fracos". Deste modo, ficamos
mais fortes ao saber que temos todas as condições interiores, para
enfrentar as dificuldades que a vida nos apresenta. Ter consciência, que
acima de tudo, tem um Deus maior a zelar por nós e que nunca nos
abandona.
Confiar
em Jesus e seguir seu exemplo de vida: "Eu sou o Bom Pastor; tende bom
ânimo; não se turbe o vosso coração; vinde a mim vós que andais
fatigados, cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei".
Dr. Wilson Ayub Lopes
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